A pandemia da Covid-19 trouxe muita tristeza e incerteza para os habitantes deste Planeta. Quem iria pensar que um vírus saído de um país tão longínquo como a China iria chegar até aqui no Brasil e se alastrar como uma queimada desenfreada? Pois é, isso não só aconteceu, mas depois de quase dois anos de ansiedade e ainda, com uma visão meio embaçada do futuro, segue presente entre nós. Dentre os milhares momentos de desespero que inúmeras famílias passaram durante este período, paralelamente, também vimos brotar uma semente clara e forte do espírito colaborativo entre as pessoas. São infinitas as histórias emocionantes de assistência humanitária organizada pela sociedade civil, como por exemplo o fantástico sistema de apoio comunitário interno que foi criado pelos moradores de Paraisópolis, uma das maiores favelas da cidade de São Paulo ou até mesmo pequenas atitudes de cuidado e ajuda isolados que indivíduos proporcionaram aos seus vizinhos ou colegas de bairro.
Será que precisávamos passar por essa tragédia para que finalmente entendêssemos que a colaboração tende a impulsionar a regeneração uma nova perspectiva de vida, que também instiga a transformação social e além de tudo, traz uma conscientização que estamos no controle de mudar a vida de alguma pessoa hoje, agora? A verdade é que nunca saberemos a resposta. O que parece estar acontecendo é um processo de renovação através de um desejo de mudança e a impressão de que algo não estava certo. A Tikun Olam entra nesta corrente de querer fazer diferente, incentivando os jovens a exercerem o seu papel de cidadão e colaborarem para gerar um movimento contínuo de boas ações pela cidade.
A colaboração promove a interação espontânea entre as pessoas, tecendo laços e fortalecendo conexões já formadas, sem contar que foi muito por conta dessa união toda que os homens da caverna sobreviveram aos incontáveis riscos que corriam vivendo há 300 mil anos atrás. Tanto no caso dos Neandertais como no nosso caso, a luta por uma causa em comum faz os indivíduos cooperarem entre si, isso cria uma rede de apoio e consequentemente um sentimento de pertencimento que deságua em um mar de afeto e empenho. Esse sentimento é o que chamamos de “colaboração afetiva”.
De maneira oposta aos tempos materialista em que vivemos, o conceito de “colaboração afetiva” tem como intenção promover atividades que visam a geração de novas conexões entre poder público e privado, fomentando a diversidade, ajudando quem está vivendo em condições vulneráveis e encorajando as pessoas a viverem em ambientes que permitam a colaboração ao invés da competição, criando uma atmosfera harmoniosa e consequentemente, amenizando possíveis conflitos. Seguindo os conceitos de cultura de Paz da UNESCO¹, a Tikun Olam também acredita que a educação é a base para desenvolver indivíduos mais seguros e gentis, sendo capazes de se comportar de maneira para com o próximo quando conflitos emergirem.
É poder conhecer pessoas advindas de contextos diferentes do seu, é incentivar a curiosidade de como podemos viver de forma mais sustentável e segura e saber que vivemos em um país composto por uma sociedade plural e rica de cultura.
Por fim, a Tikun Olam tem o interesse de contribuir como um canal para que jovens, através de um ambiente propício para a troca, se sintam confortáveis e acolhidos para investir a sua energia em projetos que vão desde a questões ligadas à crise climática até a desigualdade social que tanto nos faz querer colaborar com o próximo, cooperando com a nutrição da alma de cada um.