Nutrir. Alimentar-se. Fazer-se forte para receber. O que você entende da palavra “nutrição”? Para nós, o nutrir significa tanto o ato de se alimentar para que o nosso corpo físico se mantenha em pé e saudável, como também a oportunidade de se nutrir intelectualmente, adentrando em novos conteúdos e experiências ao longo do caminho da vida com a intenção de nos enriquecer como pessoa. O “nutrir” não é somente uma ação singular e costuma vir carregada de inúmeros simbolismos. Enxergamos como uma ação que não vem sozinha e nem se faz sozinha, reconhecemos que a palavra “nutrição” tem um sentido de coletividade e colaboração. O “estar nutrido” vai além de ir ao encontro das nossas necessidades básicas diárias, é poder receber e usufruir o nutriente de forma amorosa e acolhedora, disponibilizando momentos de cuidado e prestatividade com o próximo. Existe um doador e um receptor nesse processo. É uma troca, e nesse movimento, todos saem ganhando. O termo “nutrição cultural” foi criado em um debate informal, no qual os membros da Tikun Olam conversavam sobre como conectar a atual condição alimentícia insatisfatória de muitos dos jovens do nosso país com nosso desejo de proporcionar a eles um período de expansão intelectual. Devido à pandemia da Covid-19, o Brasil teve uma grande piora no quadro de insegurança alimentar, de acordo com estudos feitos por pesquisadores da Universidade Livre de Berlim, na Alemanha, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade de Brasília, dentre das 2.004 pessoas pesquisadas, cerca de 59% dos domicílios brasileiros foram impactados negativamente pela falta de alimentos na mesa no último semestre do ano de 2020¹. O Coronavírus também foi responsável por ​​comprometer as atividades presenciais de 9 entre 10 escolas brasileiras de acordo com o censo de 2020 do INEP² (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). Outro estudo intitulado Perda de Aprendizagem na Pandemia,  uma parceria do Insper e Instituto Unibanco, constatou que no ensino remoto os alunos aprendem em média 17% do conteúdo de matemática e 38% da língua brasileira, comparando com os dados de uma aula presencial³. A partir desses dados alarmantes, em que 125,6 milhões de brasileiros não têm acesso a uma alimentação digna e ​​que, segundo a UNICEF em 2020, 5,5 milhões de brasileiros ficaram sem acesso à educação, a Tikun Olam se sente responsável em poder ajudar na melhoria desse cenário. Portanto, concluímos que, para a Tikun Olam, o conceito de Nutrição Cultural tem dois significados que conversam entre si. O primeiro se trata da nossa contribuição em criar ambientes onde jovens tenham a chance de estar bem alimentados para então se encontrarem nas condições ideais para absorverem o máximo de informações advindas de contextos diferentes, a fim de gerar um conhecimento precioso para sua própria evolução como ser humano.  O segundo caminho vai de encontro ao incentivo à participação de vivências voltadas à nutrição interna de cada indivíduo. Nos dois casos o foco é compartilhar insumos para trazer vida de modo que se sintam fortalecidos e inspirados em contribuir para que mais pessoas tenham curiosidade em fazer parte deste movimento de transformação.